Pular para o conteúdo principal

Aproveite o Silêncio



"Words like violence
Break the silence"

Enjoy The Silence - Depeche Mode



Eu gosto do silêncio. E sempre desconfio de pessoas que não suportam a quietude. Quase sempre são pessoas em quem não podemos confiar. E invariavelmente, pessoas barulhentas são pessoas chatas.

O silêncio me traz paz. E o que mais posso querer além de paz? Mais importante que poder, mais importante que dinheiro.  Mais importante, até mesmo, do que ser importante.

O silêncio externo nos obriga a ouvir o barulho dos nossos pensamentos, nos mostra quem realmente somos. Não podemos interpretar personagens para nós mesmos. Será por isso que tantos odeiam o silêncio? 

Já o silenciar interno é muito mais difícil. Os pensamentos não param facilmente. Mas com silêncio externo é um pouco mais fácil para nós, pessoas comuns, encontrarmos um pouco de calma. Uma boia para não nos afogarmos em nosso mar de pensamentos.

Curtindo o silêncio no Monte Grappa. Ivorá (RS), 2022.


Mas é claro, você não precisa subir no Monte Grappa para encontrar silêncio.  Também não precisamos andar sozinhos pelas montanhas, vestindo trajes reais e carregando uma cadeira. Dentro de casa, abrindo mão de distrações por alguns momentos, já conseguimos alcançar certa tranquilidade. Até mesmo em Uruguaiana.

Aliás, abrir mão está relacionado com o silêncio, pois ambos nos conduzem à paz. Quanto mais abrimos mão, menos fardos temos que carregar. Nossa jornada se torna mais leve. Mais silenciosa.

Aproveite o silêncio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O agarrar não tem fim. O soltar sim.

 "(...) a felicidade é apenas uma forma refinada de sofrimento. O sofrimento em si é a forma grosseira. Você pode compará-los a uma cobra. A cabeça da cobra é a infelicidade, a cauda da cobra é a felicidade (...) mesmo se você segurar a cauda, ela irá se voltar e mordê-lo do mesmo jeito, porque ambos, a cabeça e a cauda, pertencem à mesma cobra." - Ajahn Chah, monge budista  da Tradição das Florestas do budismo Theravada. Vi uma postagem em rede social de uma estampa de camiseta. A imagem da estampa era uma cobra mordendo o próprio rabo, com a seguinte citação: "para cada fim, um novo ciclo". A posição da cobra formava o símbolo do infinito. Não reproduzo a imagem aqui por questões de direitos autorais e por não querer causar nenhum tipo de perturbação ao autor. Muito provavelmente a pessoa que criou a estampa, pensou na tristeza dos finais de ciclo e na esperança dos inícios, das novidades.  Algo como:  "Que pena, acabou :(".  "AIQSHOW, um novo ciclo...

Eu fui, mas eu voltei...

Por que escrever?  Considero essa pergunta tão relevante que até criei uma aba só para ela, aqui no blog. Tem um texto inteiro dedicado a respondê-la nessa aba? Não. Apenas um parágrafo — que, para ser honesto, não responde satisfatoriamente ao questionamento. "Simplesmente escrevo, sem maiores preocupações" , foi o que escrevi lá. Mas o que eu não disse é que também acredito que temos responsabilidade sobre o que falamos e escrevemos. Se nossas palavras magoam ou causam divisão, por exemplo, talvez precisem ser revistas. Ou, quem sabe, silenciadas. Se não tenho nada de relevante a comunicar, simplesmente não escrevo. Isto é algo que eu gostaria de treinar também para a fala — eu falo demais, muitas vezes sem necessidade. Nesses últimos meses, aconteceram várias coisas dignas de nota e que renderiam boas crônicas (a maioria eu já esqueci porque não anotei). Mas antes de escrever, sempre vinham algumas perguntas: O que eu realmente quero com isso?  É só para alimenta...

Chinelo Musical

"Acho que ninguém cria uma música. Ela já existe. Ela flutua aqui, passa pelas paredes, fica atrás das cortinas... vai a toda parte. Eu me vejo como uma antena receptora." - Keith Richards falando sobre o seu processo criativo em entrevista para Bruna Lombardi, em 1993. Eu não entendo nada de música. Não tenho ouvido para identificar as notas e nem toco nenhum instrumento musical. O máximo que já consegui foi soprar uma flauta doce e emitir algumas notas desafinadas. Entretanto, eventualmente eu consigo perceber rudimentos de música em eventos do cotidiano. Talheres caindo, batidas na porta e até mesmo peidos. Talvez a música esteja mesmo no ar. Eu já dei um peido, por exemplo, que soou como algumas notas iniciais de Entre Dos Águas , de Paco de Lucía. Outra vez eu presenciei um colega batendo em uma porta que soou como a introdução de Olhar 43 , do RPM. Dia desses eu estava indo para academia. Um pouco antes de chegar, vi uma senhora andando na minha frente, junto com uma cr...