"(...) a felicidade é apenas uma forma refinada de sofrimento. O sofrimento em si é a forma grosseira. Você pode compará-los a uma cobra. A cabeça da cobra é a infelicidade, a cauda da cobra é a felicidade (...) mesmo se você segurar a cauda, ela irá se voltar e mordê-lo do mesmo jeito, porque ambos, a cabeça e a cauda, pertencem à mesma cobra." - Ajahn Chah, monge budista da Tradição das Florestas do budismo Theravada.
Vi uma postagem em rede social de uma estampa de camiseta. A imagem da estampa era uma cobra mordendo o próprio rabo, com a seguinte citação: "para cada fim, um novo ciclo". A posição da cobra formava o símbolo do infinito. Não reproduzo a imagem aqui por questões de direitos autorais e por não querer causar nenhum tipo de perturbação ao autor.
Muito provavelmente a pessoa que criou a estampa, pensou na tristeza dos finais de ciclo e na esperança dos inícios, das novidades.
Algo como:
"Que pena, acabou :(".
"AIQSHOW, um novo ciclo!".
Não pude deixar de lembrar do símile da cobra, exposto por Ajahn Chah, cuja citação abre este texto. Um ensinamento valioso de um grande professor.
Não há nada de errado com a frase da camiseta, mas é inevitável refletir sobre como passamos a vida andando em círculos, sempre correndo atrás de algo, achando que vamos alcançar a felicidade. E quando alcançamos, A COBRA NOS PEGA.
Se esse nosso fluxo de consciência que chamamos de "EU" permanece depois da morte, seguiremos no mesmo ciclo, sempre pegando no rabo ou na cabeça da serpente.
Penso que a solução seja largar a cobra. Somos condicionados a agarrar as coisas. Sempre querendo ter mais, ser mais. Buscando importância, bens materiais, experiências. Não há limites para o desejo.
O agarrar não tem fim, o soltar sim. Quando conseguirmos soltar tudo, não haverá mais nada para soltar.
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