Estava eu hoje de serviço no centro da cidade, quando fomos (eu e a minha colega) acionados pelo rádio porque havia um indivíduo causando confusão no ginásio da pacata cidade de Uruguaiana.
Dadas as características do elemento, encontramos e abordamos um rapaz jovem, bastante castigado pela vida. Um mendigo. Ficha limpa, ele disse q foi provocado por estudantes dentro do ginásio e por isso foi embora de lá. Ele também relatou que era viciado em crack, e preferia ser preso à viver na rua, pois em casa ele era agredido (provavelmente por causar transtornos devido ao vício).
Logo após ser liberado, constatei q o mesmo começou a chorar por ser provocado por alunos q passavam no local. E se irritou a ponto de jogar fora o alimento que tinha em mãos. Isto me fez ver tudo que aconteceu dentro do ginásio: os guris do colégio, na sua ausência de massa encefálica, começaram a fazer gracejos com o dito mendigo. O mesmo deve ter revidado com ofensas verbais. Algum professor filho-duma-puta, de classe média alta, constatando a presença de um mendigo, acionou o 190.
Este professor nada mais representa do que a sociedade média, que não quer ver seu patrimônio ameaçado pelas hordas bárbaras destruidoras. Pouco importando se o pobre que ela enxerga é um simples andarilho, um trabalhador braçal ou um fascínora. A classe média não quer ser lembrada que a poucos quarteirões de suas casinhas, um semelhante seu passa fome, sofre com problemas existenciais, familiares, psicológicos, fisiológicos...
As classes mais abastadas estão agora sendo ameaçadas pelo crack. Seus pobres filhinhos não podem ser alcançados por esse mal. Coincidentemente, os veículos de comunicação começaram campanhas contra o crack recentemente. Eu lembro de ver garotos de rua, em porto Alegre usando o crack lá por idos de 1993. Por que só agora campanhas desse alcance contra a pedra ?
Ah, mas esses eram os meninos que as classes decentes não querem ver. Liga pro 190 pra tirar esses moleques daqui !
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