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Sonhos do Éd #29 - O Fim dos Tempos ?

Não lembro do início do sonho. Eu já vinha pelo corredor, pra entrar na aula. A princípio, o local era o último lugar que eu estudei (ideologicamente) mas fisicamente era o CESB (Colégio Estadual São Borja), instituição em que estudei por alguns anos, na Terra dos Presidentes. Eu  caminhava de chinelo e bermuda, quando me dou conta que as regras do local não permitiam esses trajes.

Ao chegar em frente à sala de aula, já cheia e com a professora, me abaixo e começo a mentalizar um abrigo (o tênis já tinha se materializado enquanto eu caminhava). Abrigo mentalizado, vou cruzando a sala para me sentar no meu lugar, quando percebo que estou em um sonho. Imediatamente começo a flutuar, me movimentando rapidamente em círculos, enquanto falo para a turma que estamos todos em um sonho. Ninguém acredita nas minhas palavras. Paro de flutuar e tento convencê-los no discurso, que também não vem dando resultado, até eu enxergar meu pai (em duas versões) sentado na sala: um na frente, outro no fundo da classe. Paro e digo dramaticamente "Se não estamos em um sonho, como explicam o fato de termos dois Sérgios na sala de aula ?". Silêncio. Eu havia exposto um argumento fortíssimo. Ninguém respondia nada. Pergunto diretamente para uma colega, então:

- Tu acha que isso aqui é um sonho ?
- Não.
- Como tu explica então o fato de termos duas pessoas iguais na sala ?
- Sei lá, alguma coisa genética.

Depois disso um enorme clarão, como se fosse um bomba atômica explodindo, aparece e quebra as vidraças do colégio. Uma ventania que acompanha o flash espalha livros didáticos pelo pátio do colégio. Pessoas se desesperam. Esqueço que estou em um sonho. Na sequência, exergo dois meteoritos caindo ao longe, em um intervalo de poucos segundos entre um e outro. Penso, estatisticamente, na probabilidade de caírem no mínimo dois meteoritos (pois considerei que a primeira explosão deveria ser um meteorito, igualmente) em Uruguaiana (nesse momento o sonho está se passando lá) em tão curto espaço de tempo. Concluo então que é o fim dos tempos. As pessoas se desesperam, andam para todos os lados. Decido então proteger uma velhinha que está do meu lado, pois eu e várias outras pessoas assistíamos a cena pela janela. Pergunto se ela já tinha vivido algo assim. Ela disse que não. Digo que é o fim dos tempos. Esqueci de proteger a velhinha e corro pra fora da aula. 

No saguão, duas mulheres (uma feia e uma meio gostosa, que existem na vida real) matam as pessoas que correm em direção à escada, com uma 12 automática e uma carabina automática também, com luneta, que a julgar pelo aspecto externo, parecia ser essas de pressão, chumbinho 5,5mm. Mas matava as pessoas.

As duas mulheres têm pane em sua arma, com poucos segundos de diferença. Elas não sabem solucionar, pois ficam nitidamente sem saber o que fazer. Aproveito a oportunidade e pulo na arma da mais feia e agarro o rifle com firmeza. Ela pede ajuda para alguém atrás de mim (o nome da pessoa era Paulo, me parece). Na sequência, desfiro violenta cotovelada (sem largar a arma) nela que a faz cair vários degraus abaixo (estávamos na boca de uma escada). Fico com a carabina nas mãos.

Quando me viro, o Paulo é uma velha misto de Glória Menezes com Dercy Gonçalves que vem em minha direção, correndo com fúria. Ponho-a fora de ação com vários tiros no tórax. Percebo que uma das mulheres tenta voltar ao saguão subindo a escada, me viro para atacá-la com uma coronhada. Ela foge, com sua jaqueta de couro preta, antes que eu consiga descer dois degraus. Digo ameaçadoramente "ahs... te dou uma comida já...", e desisto de empreender a perseguição, pois há pessoas em perigo no saguão.

Acordo.


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