Tenho pouquíssimas habilidades na vida. Sempre fui ruim com trabalhos manuais, cálculos, escrita, esportes...
Na escola, tinha boas notas até a quarta série. A medida que os conteúdos foram ficando mais complexos, minhas notas despencaram.
Por volta dos 12 anos, comecei a jogar Xadrez. Participei frequentemente de torneios até os 17 anos, mais ou menos. Nunca consegui nada de muito expressivo, no máximo um 12º lugar no Campeonato Brasileiro Sub 14.
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Campeonato são-borjense de xadrez, 1996 (São Borja, RS) |
Próximo de completar 22 anos, descobri o boxe. É um esporte apaixonante, assim como o Xadrez. Apesar de conseguir até mesmo títulos estaduais (o que significa quase nada em um país como o Brasil, sem muita expressão no pugilismo), mantive a mesma toada do xadrez, sendo um atleta medíocre.
Lutei boxe por 7 anos, o suficiente para aprender algumas coisas. Desenvolvi algumas poucas habilidades de luta.
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Luta em Monte Caseros, Argentina, em 2012. |
Perto dos 30 anos, comecei a participar de provas de corrida de rua (rústica). O boxe exige muito fôlego, por isso já corria como parte do treinamento pugilístico. Hoje em dia, ainda faço algumas corridas leves, mesmo estando distante de qualquer atividade competitiva.
Xadrez, boxe e corrida. Nestas três modalidades, consegui lapidar uma das poucas habilidades que possuo, digna de nota. Esta habilidade é peidar com discrição.
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Rústica de Abertura da Temporada - 2014 (Uruguaiana, RS) |
Era difícil. Talvez por ser adolescente, a parte hormonal dava um toque mais marcante nas notas (não musicais, pois eram silenciosos) do aroma. E tinha o problema de ser uma atividade estática. O cheiro logo me desmascarava. Era mais fácil sair do ambiente. Entretanto, algumas vezes, na impossibilidade de sair, fui obrigado lançar mão de técnicas, as quais passei uma vida inteira lapidando.
No boxe, era mais fácil em algumas situações, mais difícil em outras. Quem já tentou peidar discretamente em um sparring sabe do que estou falando!
Pelo dinamismo da atividade, tive que refinar a técnica. Cheguei no nível de peidar pulando corda. É difícil no início, mas com o tempo aprendi a acomodá-lo, sincronizando com o pulo e o movimento de pés. Se um dia eu decidir me aventurar como técnico de boxe, essa será uma das primeiras lições que ensinarei para aqueles que pretenderem treinar mais à sério.
Meu último estágio foi conseguir peidar durante a corrida, com fones de ouvido. É necessário ter uma certa técnica na passada e algum controle do esfincter (mais do que ao peidar pulando corda). Só atingi esse nível graças à prática de Yoga, à qual passei a me dedicar depois de encerrar minhas carreiras esportivas.
O Yoga me deu um controle mental e corporal maior, inclusive me ajudando, no aspecto mental, quando eu falhava e peidava com um som absurdamente alto durante a corrida (isso aconteceu algumas vezes). Fracassei muito na arte de peidar discretamente, antes de chegar ao nível que atingi hoje.
Prática de Yoga em São Francisco de Paula (RS), 2016 |
Hoje, mesmo correndo em um ritmo moderado e com fones de ouvido, consigo controlar a altura e peidar sem ser notado, sincronizando a passada com a soltura do gás. É quase artístico, eu diria.
Claro, deve haver muita gente melhor que eu por aí, dominando técnicas que eu sequer imagino. Não sou um homem de muitos talentos. Nenhum, eu diria. Entretanto, consegui aprender alguma coisa nessa vida.
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