"Este corpo é frágil, se desintegra com facilidade.
Deveras um antro de enfermidades.
Matéria pútrida ressuma dos seus orifícios.
A morte lhe dará um fim."Dhammapada, verso 148
Na madrugada do último dia 12, vi a luta do ex-boxeador Evander "The Real Deal" Holyfield, contra o veterano do MMA (e também boxeador) Vitor Belfort.
Confesso que fiquei um pouco surpreso com a fácil vitória do Belfort. Evander, apesar do SHAPE IMPECÁVEL para um senhor de 58 anos, demonstrou muita lentidão e incapacidade de absorver os golpes do adversário.
![]() |
Holyfield e Belfort depois da pesagem (Foto: Amanda Westcott) |
Em seus anos de glória, Holyfield era um lutador que aguentava castigo recebido, além de ser bastante rápido para a categoria. Foi um dos pugilistas mais FANTÁSTICOS dos anos 90.
O evento, inicialmente programado para ser Oscar de la Hoya X Belfort, teve uma mudança de última hora, pois de la Hoya foi hospitalizado em função da COVID-19. Poucos dias antes da luta, Holyfield acabou aceitando lutar no card.
Poucos sabem, mas Belfort já tentou por duas vezes entrar na equipe brasileira de boxe amador, nos anos de 1998 e 2000. Nesta última tentativa, ele queria participar de da seletiva para os jogos Olímpicos de Sydney. Ele também fez uma luta de boxe profissional no ano de 2006 (ano em que eu levava meus primeiros socos nos ringues).
Mas o ponto mais reflexivo de tudo, foram os comentários dos fãs do Holyfa, lamentando não só o resultado, mas o péssimo desempenho demonstrado. A maioria expressava uma certa melancolia, comparando-o com o boxeador que ele foi no passado.
O que as pessoas lamentam, na verdade, é a ação do tempo. Envelhecimento e morte são inevitáveis e não gostamos de nos lembrar disso.
O esmorecimento das pessoas é por constatar que o tempo é um adversário invencível. E se até mesmo o "Real Deal" sucumbiu ante a ação da impermanência, nós, que somos meros mortais, não teremos destino melhor. Se paramos para nos analisar, constatamos que os nossos melhores dias já passaram. Ou passarão, em breve.
E no futuro, a morte.
Comentários