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Mostrando postagens de 2021

E se a Amazon acabar, o que acontece com o meu Kindle?

Há alguns anos, comprei um Kindle (leitor de e-books da Amazon, se alguém não sabe). Nos últimos anos tenho focado em diminuir drasticamente meus livros físicos, focando nos digitais. Meu Kindle, já com alguns anos de uso Pois esses dias apareceu na minha timeline do Facebook uma postagem em uma comunidade sobre o Kindle, onde uma pessoa demonstrava preocupação sobre o que aconteceria com os livros que ela comprou na loja, se por ventura a empresa viesse, "bem hipoteticamente", a falir. Diversos comentários criticaram a hipótese levantada, afirmando que "a Amazon nunca irá falir" e que ela ocupa "o primeiro lugar entre as marcas mais ricas do mundo". Uma pessoa ainda recomendou "terapia" para essas "sensações". É claro que preocupação excessiva com qualquer coisa não é bom. Da mesma forma que pensamentos recorrentes sobre quadros negativos certamente não devem ser saudáveis. Mas tentar viver negando para si mesmo que coisas

A Viagem, Padilha e o Efeito Mandela

Fiona Broome, é uma pesquisadora de efeitos paranormais.  Em 2010, ela se surpreendeu ao descobrir que Nelson Mandela ainda estava vivo. E se admirou ainda mais quando notou que muitas outras pessoas compartilhavam desta mesma percepção. Ela, assim como essas outras pessoas, acreditavam que o sul-africano tinha morrido nos anos 80, quando ele estava preso. Então, Fiona propôs a teoria do Efeito Mandela. Uma das hipóteses de tal teoria afirma, resumidamente, que essas "lembranças falsas" teriam ocorrido em outras realidades, em universos paralelos. Em pesquisas na internet, encontramos diversos relatos de "falsas lembranças", como o episódio de Dragon Ball Z que estaria passando no momento dos ataques do 11 de Setembro de 2001. Ou um filme chamado Shazaam que nunca existiu. Ou será que existiu em outra dimensão? Pois eu tive diversos episódios de "Efeito Mandela" ao longo da minha vida. Mas a maioria deles, apenas eu tenho a lembrança (tecnicamente, pode se

Queda do Facebook e carroças vazias

Essa queda do Facebook, Instagram e WhatsApp na semana passada me lembrou um episódio que ocorreu comigo há algum tempo.  Eu estava em um lugar que costuma  ser caótico, mas naquele dia estava silencioso. Aproveitei para ler alguma coisa e desfrutar daqueles raros momentos de silêncio naquele local tão desagradável . Em determinado momento, uma outra pessoa chegou falando alto, dizendo que estava muito silêncio naquele lugar. Depois me criticou porque a TV estava desligada. No mesmo instante me lembrei daquela estória da carroça vazia . Essa narrativa tem diversas versões, mas resumidamente, ela diz que: quanto mais vazia a carroça está, mais barulho ela faz . E assim também é com as pessoas. Carroça vazia pelas ruas de Uruguaiana (Foto: arquivo pessoal) Para muitos, o silêncio é quase uma tortura. Isso talvez seja porque no silêncio, somos obrigados a nos confrontar com QUEM REALMENTE SOMOS. Podemos enganar os outros com postagens nas Redes Sociais, mas mentir para a própria mente é

O Teste do Palitinho

 Quando eu era pequeno, lá no Alegrete, ocorreu algo do qual lembrei dia desses. Fui listado como suspeito , juntamente com o meu irmão, em um fato de menor gravidade. Não consigo me lembrar o que era exatamente, mas não era algo que geraria violência física , como ocorria no caso de quebrar um copo ou manchar uma roupa, por exemplo.  Acho que tinha sido alguma coisa tipo desarrumar uma cortina. Como ambos os réus alegaram inocência, minha mãe lançou mão de um expediente inédito até então: ela iria fazer O TESTE DO PALITINHO antes de dormir. Este teste iria apontar quem estava mentindo. Não sei exatamente em que consistia o teste, mas parece que era necessário uma bacia, água e um palito . Esse teste, ao contrário do IBOPE, não tinha margem de erro: era infalível . Lembro que a mãe largou essa notícia bombástica e nos deixou no quarto, enquanto foi cuidar de  assuntos de adulto (preparar a janta, assistir Rainha da Sucata...). Fiquei extremamente tranquilo e aliviado, afinal eu tinha

O Texto Perfeito

Tenho sempre alguns rascunhos de texto, com algumas ideias soltas. De vez em quando, alguma dessas anotações vira um texto, quando eu consigo desenvolvê-lo mais. Seguidamente reviso esses rascunhos e textos. E sempre que os releio, acabo achando algumas falhas: falta de clareza, erro de concordância, erro de gramática... Por isso, acabo publicando muito pouco. O texto sempre parece incompleto, nunca parece estar bom para vir à público. O mesmo ocorre com os poucos textos publicados, sempre acho algum deslize quando os revisito. Mas nesses, só mexo se for erro de digitação, não gosto de alterar os textos que já foram externados. Assim, acabei descobrindo recentemente a fórmula do texto perfeito: basta ir revisitando-o periodicamente, sem nunca o publicar. Devemos deixar ele lá em uma gaveta (alguém ainda escreve à mão?) ou no editor de textos do computador. De vez em quando, pegamos o texto, lemos e vamos fazendo as correções necessárias (sempre tem algo a ser corrigido). Desta forma, v

Holyfield e a impermanência

"Este corpo é frágil, se desintegra com facilidade. Deveras um antro de enfermidades. Matéria pútrida ressuma dos seus orifícios. A morte lhe dará um fim." Dhammapada, verso 148 Na madrugada do último dia 12, vi a luta do ex-boxeador Evander "The Real Deal" Holyfield, contra o veterano do MMA (e também boxeador) Vitor Belfort. Confesso que fiquei um pouco surpreso com a fácil vitória do Belfort. Evander, apesar do SHAPE IMPECÁVEL para um senhor de 58 anos, demonstrou muita lentidão e incapacidade de absorver os golpes do adversário.  Holyfield e Belfort depois da pesagem (Foto: Amanda Westcott) Em seus anos de glória, Holyfield era um lutador que aguentava castigo recebido, além de ser bastante rápido para a categoria. Foi um dos pugilistas mais FANTÁSTICOS dos anos 90. O evento, inicialmente programado para ser Oscar de la Hoya X Belfort, teve uma mudança de última hora, pois de la Hoya foi hospitalizado em função da COVID-19. Poucos dias antes da luta, Holyfield

Sonhos do Éd # - Coringa

Há mais ou menos três semanas, tive o sonho que descrevo abaixo: Cheguei em uma oficina aqui da cidade em um dia cinzento e  que ventava muito. Na mecânica, que também era a casa de alguns amigos, tinha uma varanda aberta, com vista para uns campos , ao longe. Fui recebido pelo anfitrião, que comentou que fazia tempo que eu não aparecia. Respondi alguma coisa qualquer e me sentei em uma cadeira, de frente para a vista dos campos. Em determinado momento, comentei com o dono da casa que eu tinha sonhado com aquele exato momento . Só que o sonho seria ainda na próxima noite . Nesse sonho vindouro, eu acordava e tinha sonhado que contava pra ele que tinha sonhado com aquele exato momento. Só que o sonho ainda não tinha acontecido e a medida que eu ia contando, o sonho acontecia no futuro, sincronicamente .  Então me dei conta que o presente e futuro estavam sempre acontecendo simultaneamente, que o conceito de tempo não era linear. Passado, futuro e presente, tudo acontecia ao mesmo tempo,

Quanto tempo dura uma quarentena?

  Obs.: Publicado na Coletânea "Crônicas da Quarentena", da Páginas Editora, no ano de 2020.  Por uma falha lamentável da editora, meu texto só foi publicado até o terceiro parágrafo, terminando abruptamente e ficando sem sentido.   Imagem: Pixabay Quando eu era pequeno (lá em São Borja), perguntar quantos dias durava uma quarentena era uma pergunta idiota. Fazer a pergunta em si já era uma piada. Lembro que uma vez, em um programa televisivo de humor, uma personagem (que fazia o papel de “burra”) fez essa pergunta. Os adultos que estavam presentes na sala de casa caíram na gargalhada.   Outra vez, durante a adolescência, um casal de adultos (o mesmo do parágrafo anterior) estava falando sobre dois irmãos com pouco mais de um ano de diferença de idade. "Esse velho não respeitou a quarentena da mulher", disse a adulta. O homem riu, confirmando. Fiz os cálculos rapidinho: o segundo irmão teria sido concebido uns 3 meses depois do nascimento do primeiro. Uma qu

As Recordações do Café

  Foto: Arquivo pessoal   O café é um ativador de lembranças. O aroma, mais do que o sabor, me desperta reminiscências. Eu lembro, por exemplo, do bule onde a gente passava café, lá em casa, quando eu era criança. Mas era bem de vez em quando que eu usava esse utensílio, porque a mãe não deixava tomar. Fazia mal para o coração, ela dizia. Eram raras as vezes em que era liberado.   Paradoxalmente, algumas dessas poucas vezes eram cafés noturnos, acompanhando uma mesa farta, em substituição à janta. Mas era misturado com leite.   Já na adolescência, eu lembro do café quando jogava alguns torneios de xadrez. Era mais legal ainda no inverno, quando começava a rodada e eu pensava em que jogada fazer, enquanto sorvia alguns goles quentes.   Uma vez, inclusive, eu estava em um intervalo de uma rodada do Campeonato Brasileiro sub 14, disputado em Xangri-Lá (RS), no ano de 1998. De repente, surge uma mulher (se não me falha a memória, era mãe de um dos competidores), i