A viagem começou com uma veia caindo no chão. Estava frio. Minha mão quebrada parece que gelava mais o meu corpo. Quando eu vi, ela tinha caído de costas, escorregou ao tentar embarcar no ônibus. É mais devagar escrever com uma mão. Os pensamentos escapam e outros aparecem antes que eu consiga escrever.
Ajudaram a senhora a levantar. "Mais uma fraturada no Ônibus?" pensei comigo. Não, está tudo bem com ela.
Eu não me preocupo com o leitor. Sou muito egocêntrico. O anseio de escrever me faz despejar pensamentos desconexos no papel, atropelando assuntos e fazendo links que se entrelaçam, mas demorariam demais para serem explicados. Exatamente como eu falo. Informações imprecisas e desorganizadas. Preciso escrever mais. Quanto mais eu escrevo, menos preciso falar. Eu falo demais.
Me acomodei no ônibus. Uma outra veia fala sem parar. Como se fosse a minha mente proliferando pensamentos. Começo a minha leitura tranquila. Silêncio, finalmente. Viajar de noite também é bom. Meditação. Sono. Sonho que o mundo está sendo destruído. Ataque de armas. Fogo. Destruição. De alguma forma não sou atingido pelos tiros e começo a ascender aos céus, invulnerável aos ataques. No alto de uma colina, o diretor diz que era apenas um filme. "Mas e as mortes?", pensei depois de acordar. Mas o ônibus já estava chegando ao seu destino.
Comentários