Sempre gostei de escrever, embora nunca tenha dominado esta habilidade satisfatoriamente. Também nunca tive muito conteúdo para escrever, apenas algumas opiniões fragmentadas, sonhos e algumas bobagens.
Entretanto, expôr opinião escrita sempre me agradou mais que discussões verbais. A oratória exige uma habilidade e rapidez de raciocínio que não possuo. Sou muito desinteressante para prender a atenção de quem quer que seja por mais de 2 minutos. Ao escrevermos um texto, temos a chance de calmamente tecer a linha de raciocínio, adicionando algumas referências e assuntos laterais (como galhos de uma árvore), sem sermos interrompidos. E o melhor: sem interromper ninguém.
E o que talvez seja o melhor ainda: não é preciso estar presente, não é necessária uma interação social.
Nos últimos anos, tenho escrito muito pouco, embora algumas ideias surjam. Eventualmente, sento para escrever alguma coisa ou reler algo que escrevi. Em um desses raros momentos, comecei a reler diversos textos meus.
Fazendo um paralelo com Ajahn Chah (monge budista da tradição Theravada), cito uma passagem da obra O Gosto da Liberdade: “Tomamos cuidado com qualquer coisa que façamos. Uma sensação de vergonha irá surgir. Ficaremos envergonhados das coisas que fazemos e que não são corretas. Conforme a vergonha aumenta, o nosso autocontrole também aumenta...”
Lendo esses meus textos antigos, senti uma vegonha por certos posicionamentos meus, pela forma como abordei determinados assuntos. Alguns textos considerei pueris demais, outros muito pouco escatológicos para os meus padrões atuais, e outros mais ofensivos do que eu julgo adequado, atualmente.
Eu acrescentaria, ainda, que a maioria dos textos que escrevi são mundanos demais para a forma como eu penso atualmente. Explico o mundano: materialista demais, que atribui uma importância exagerada à coisas impermanentes.
Resolvi tirar vários textos do blog do ar. Republicarei (e excluirei também) os textos que eu julgar adequado, na medida em que for relendo cada texto.
Referências:
“Esqueçam o que escrevi” é polêmica até hoje. Folha de São Paulo. Disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/10/13/mais!/7.html>. Acesso em 11/08/2019.
AJAHN CHAH. O Gosto da Liberdade. Disponível em <http://www.acessoaoinsight.net/livros/gosto_liberdade.pdf >. Acesso em 11/08/2019.
Sobre Ajahn Chah: http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/tradicao_de_florestas.php#Chah
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