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Diarreia em Maceió


Aquelas fotos

Milimetricamente escolhidas

Revelam bons momentos

Mas ocultam

A diarreia em Maceió

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Uma Pequena Biografia de um Desconhecido

Já escrevi outra vez que tenho alguns hábitos de observação. Um deles é tentar elaborar um "perfil" (às vezes até uma biografia) de algumas pessoas com as quais tive contato. Dia desses, aconteceu algo um pouco diferente: a própria pessoa contou a história dela para um outro ouvinte, enquanto eles aguardavam atendimento em um local. A história fluiu em 2 ou 3 minutos, sem interrupções do interlocutor, que por mais incrível que pareça, escutava tudo com muita atenção. Não tive a menor chance de tentar imaginar algo. Tudo nos foi entregue pelo biografado. Era um senhor de uma certa idade. Trabalhou em um cargo público por 6 anos, sendo aposentado por motivos de saúde. Ele então arrumou outra atividade profissional. Pelo que entendi, o novo serviço era de caminhoneiro, pois ele precisava viajar todas as semanas e tomava "rebite" para ficar acordado. Deste hábito, ele acabou migrando para a cocaína. Depois foi para o crack. Hoje ele se trata para dependência química e p

A Viagem Começou com uma Veia Caindo no Chão

A viagem começou com uma veia caindo no chão. Estava frio. Minha mão quebrada parece que gelava mais o meu corpo. Quando eu vi, ela tinha caído de costas, escorregou ao tentar embarcar no ônibus. É mais devagar escrever com uma mão. Os pensamentos escapam e outros aparecem antes que eu consiga escrever. Ajudaram a senhora a levantar. "Mais uma fraturada no Ônibus?" pensei comigo. Não, está tudo bem com ela.  Eu não me preocupo com o leitor. Sou muito egocêntrico. O anseio de escrever me faz despejar pensamentos desconexos no papel, atropelando assuntos e fazendo links que se entrelaçam, mas demorariam demais para serem explicados. Exatamente como eu falo. Informações imprecisas e desorganizadas. Preciso escrever mais. Quanto mais eu escrevo, menos preciso falar. Eu falo demais. Me acomodei no ônibus. Uma outra veia fala sem parar. Como se fosse a minha mente proliferando pensamentos. Começo a minha leitura tranquila. Silêncio, finalmente. Viajar de noite também é bom. Meditaç

O Peido e a Impermanência

Publicado na revista Litera Livre, edição 21 (Mai/Jun 2020)   O peido (e desde já peço que me desculpem pelo linguajar, mas tal palavra tem poucos sinônimos em nosso idioma) tem uma característica social, eu diria. Ele nos mostra a vacuidade de todos os rituais sociais de que participamos.  Explico: imagine peidar, como peida em casa, durante uma reunião de trabalho (ou em uma confraternização com colegas). Imaginou?  Enquanto nos esforçamos para segurar aquele gás, ele tenta nos mostrar que os fenômenos são vazios (ou gasosos?). Não possuem uma essência em si mesmos. É tudo um teatro social. Interpretamos personagens e negamos a nossa vontade. Construímos cenários e nos apegamos a eles como se fossem reais, como se tivessem um sentido em si mesmos.  “Cada momento é novo”, teria dito Saikawa Roshi, monge zen-budista. É uma frase que nos mostra a impermanência de cada momento de nossas vidas, que se esvai a cada novo segundo. Um simples flato nos mostra a importância de atentarmos para