Dia desses, assistindo ao Salto com Vara nas olimpíadas, lembrei de uma vez, quando criança, que eu estava assistindo uma matéria no Jornal Nacional, noticiando que uma atleta tinha batido o recorde mundial da modalidade, ou algo assim.
Na época, eu não entendia como funcionava esse esporte. Pensava que o salto era medido por algum dispositivo lá no alto, que marcava a altura atingida pelos atletas quando eles passavam por ali.
Na matéria, apareceu a atleta pulando e comemorando com um grito, ainda no ar. Comentei então com a pessoa adulta que estava na sala, algo tipo "mas como ela já sabia que tinha quebrado o recorde?". Esta apenas afirmou, do alto de sua pretensa sabedoria: "O salto foi perfeito!", como se a graciosidade do pulo fosse o principal elemento daquele desporto.
Percebi então que aquela pessoa sabia menos ainda do que eu sobre a modalidade, mas pelo seu total desprezo pela minha condição de criança e se julgando superior por ter nascido muitos anos antes, achou que tinha por dever arrotar aquela afirmação e simplesmente encerrar o assunto.
Obviamente, eu suspeitava que a plasticidade do movimento não era um critério naquela modalidade esportiva, mas como não havia internet ainda, deixei de lado o assunto por uns 20 anos, mais ou menos.
Só fui entender um pouco do esporte na faculdade de Educação Física, onde em algum livro sobre atletismo havia uma rápida explicação sobre as regras. Não vou explicá-las em detalhes aqui, o leitor poderá pesquisar por si mesmo e encontrar as regras, muito melhor explicadas, por quem realmente entende do assunto. Mas basicamente, o sarrafo fica em uma altura específica, então o atleta sabe de antemão a altura que vai saltar. O competidor precisa passar por cima do sarrafo sem derrubá-lo. Por isso aquela atleta já caiu comemorando. Ela sabia a altura que tinha pulado e sabia que tinha batido o recorde mundial. E isso nada tinha a ver com a beleza do movimento realizado por ela.
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